A transição energética e as oportunidades de negócios envolvendo complexos portuários irão compor um dos painéis do segundo dia do Congresso Intermodal South America, que acontece durante a 27ª Intermodal South America, de 28 de fevereiro a 2 de março de 2023, no São Paulo Expo, sob organização da Informa Markets. Nos tópicos de discussão, está confirmada a presença do diretor técnico da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Sandro Yamamoto.

Segundo o executivo, serão abordadas as principais oportunidades e desafios da eólica offshore na conjuntura nacional. O painel que trata do papel dos portos na transição energética trará um resumo de dados globais e a posição do Brasil na discussão. Além disso, será feito um panorama de alguns dos principais caminhos e os próximos passos para a cadeia de valor do segmento com base em estudos existentes, considerando fatores como infraestrutura portuária e logística, papel da fonte na transição energética e transmissão.

Ele lembra que a capacidade instalada offshore tem crescido de forma ascendente no contexto global e que o Brasil está acompanhando este processo de difusão tecnológica a partir de discussões nos âmbitos regulatório e na cadeia de valor. “Os marcos legais estão sendo complementados por meio do decreto executivo. Já a cadeia de valor se prepara para as adaptações necessárias, visando acomodar o interesse dos empreendedores  no desenvolvimento da fonte no país”, disse Yamamoto.

Terminal em Pernambuco reúne diversos memorandos de entendimento para exploração do H2 verde (Suape)

A Intermodal South America tem sua programação dividida da seguinte forma: o primeiro dia (28) está dedicado as principais questões da infraestrutura logística; o segundo aos portos e o terceiro ao debate sobre as inovações tecnológicas associadas ao transporte de cargas. O evento acontece simultaneamente à Conferência Nacional de Logística (CNL), uma realização da Associação Brasileira de Logística, ambos compondo o Interlog Summit, uma novidade criada para oferecer ao mercado conteúdo exclusivo e insights dos principais especialistas da atualidade.

“É um momento de grande expectativa para o mercado como um todo. O novo governo deu início a mudanças importantes e as empresas que operam nos setores da logística, do transporte e do comércio exterior estão atentas aos novos projetos de desenvolvimento da infraestrutura logística que possam ser colocados em marcha”, comenta o diretor do portfólio de Infraestrutura da Informa Markets Brasil, promotora e organizadora da Intermodal South America, Hermano Pinto Jr.

Considerado o maior e mais completo evento das Américas de transporte de cargas, multimodalidade, logística, intralogística e comércio exterior, a Intermodal contará este ano com mais de 500 marcas representantes de todos os elos da cadeia de suprimentos e de distribuição. A expectativa dos organizadores é atrair mais de 40 mil profissionais do setor. O credenciamento para a 27ª edição da Intermodal South America já está disponível para visitantes, congressistas e também para a imprensa. Interessados devem acessar o site.

Papel dos portos e o H2 verde

Segundo a Organização Marítima Internacional (IMO), os portos têm um importante papel no processo da transição energética e para sua descarbonização um dos caminhos mais promissores é eletrificar as atividades conectadas ao porto e substituir combustíveis fósseis por fontes renováveis, conforme aponta um estudo feito pela DNV GL, certificadora da indústria marítima.

Eólica offshore pode aproveitar sinergias com a expertise da indústria de óleo e gás no país (OceanWinds)

Outra providência a ser tomada seria a troca do combustível no transporte marítimo, com mudanças nas instalações de bunkering, e a eletrificação na indústria participante da dinâmica portuária. Ainda são discutidos, no estudo da DNV GL, a integração da energia eólica offshore, captura e armazenamento de carbono e o hidrogênio como novo vetor de energia.

Aliás o assunto sobre o combustível do futuro foi abordado durante a COP 27, Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, e colocou o Brasil como um dos principais players no mercado para transportar o vetor energético com eficiência, criando assim o Programa Nacional de Hidrogênio (PHN2), coordenado pelo Ministério de Minas e Energia. O vetor energético possui inclusive vários memorandos de entendimento firmados em portos do país, para sua produção e depois escoamento para Europa ou mercado interno.

Os investimentos anunciados para a construção de usinas produtoras de hidrogênio verde (H2V) no Brasil já somam mais de US$ 22 bilhões, todos concentrados em portos como o Pecém (CE), Suape (PE) e Açu (RJ). O desafio do setor será uma das frentes de atenção do novo ministro, Márcio França, que assumiu o Ministério de Portos e Aeroportos no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.  O novo ministro afirma que a autoridade portuária deve permanecer pública e que isso será mantido em seu governo.